8 de março dia de todas as mulheres:sem distinção de raça ou origem étnica


A minha alma canta:
eu sou filha da terra, do chão, do sol,
da lua prateada a atrevida
refletida no Níger, brincando com a água da vida,
zombando do destino.

Quando tento lembrar das memórias
que poderia ter da minha nação,
nada resta tal a força da escravidão;
como resgatar minha história?
Só consigo imaginar que a minha
alma vaga por aí,
(quem sabe até pulando qual saci?)
lembrando a trajetória do passado:
de princesa a serviçal,
de rainha a mucama;
de matriarca a arrumadeira de cama.
E meu homem?
que sina mais boçal!
de guerreiro a negro fugidio caçado,
de conselheiro a moleque de recado,
de rei a escravo capado,
sem nunca ter merecido, sem sequer
ser culpado.

E minha alma não pára, não se aquieta, não pousa...
Ela segue pairando no ar,
Construindo liberdade,
Pois conservo minha altivez e
dignidade,
não me alquebrei ante a senzala
ou o pelourinho;
reafirmei minha alma de resistência
e inconformismo,
exercitando minha coragem nos
quilombos,
e levantando sempre, a cada tombo.

Então eu volto a sorrir, a dançar e a
cantar:
eu sou filha do raio do trovão, da luta,
da floresta,
o calabouço não calou minha voz
nem o grilhão pode conter meu
espírito de liberdade,
que luta por justiça, por reparação, por igualdade!

Eu sou, como tantas de nós:
aquela negra altiva e decidida, que escolheu lutar pela vida,
minha e de meus filhos, de meus
descendentes,
resgatando a lembrança de
meus pais,
então eu canto mais alto
e grito contente:
eu consegui quebrar todas
as correntes,
louvando os orixás e honrando
os ancestrais!

Lina Efigênia Barnabé Cruz.

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